sexo pago

a porta abre, fecha.
dois segundos de luz, de fresta.
dois metros da cama à porta.
dois passos, a cena corta.

dois corpos nús em pêlo, quanto pêlo. Quatro mãos desdadas.
pernas demais, braços demais. Caminhos demais pra desbravar.
pés que descem, sobem, tocam, levantam morros.
olhos que fechados apontam pro teto, gemidos que escorrem do forro.

a cama, a planície regida pelo atrito.
os corpos que se encaixam,
o gozo,
o grito.

já é tarde. A fresta não mais disfarça. O dia vem, não bate à porta trancada.
um corpo sai. Um corpo fica.
algumas pernas procuram roupas, algumas mãos tateiam caminhos.
uma rótula estala, um joelho range.
uma porta abre, fecha.

o quarto silencia,
o atrito cessa,
e o sol deixa visível o prazer que escorre pela parede.

murilo

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  david santoza

10 de dez. de 2008, 00:34:00

de quando é isso mesmo?

olha que não vale ficar repetindo texto aqui... que tal um inédito?