depoimentos de ivan güardia para rita medusa

"meu anjinho desbotado.
meu sacrilégio de incorporações retalhadas:
rótulo de morangos silvestres e doces e ácidos e fervilhantes.

vou amar sua instabilidade até o fim dos arcos plúmbeos do silêncio.
vou reter sua língua na minha voz mental & sinestésica.
queimar calendários convulsivos no trópico de câncer.
esquecer o que não compõem ressurreição.

desamarrarei as artérias que nos levaram para baixo e tatearam algoritmos.
rinoscópios vulcânicos.
lentes da febre eterna.

desejarei sua pele transparente como quem experimentou e viciou os mecanismos, os remotos, as paisagens.
desejarei as descrições detalhadas dos casulos.
as gotas-violetas-peroladas num refrão de escassez.
os mapas ígneos da obsessão.
os preenchimentos intermitentes.


e é por isso que prendo nosso tempo com o tubo das maquetes íntimas, meu cordão umbilical.
e é por isso que jogo pedrinhas pluviais na janela da conseqüência e a agiganto.
e é por isso que restauro meus cílios tão desfigurados.
e perfumo as tranças da perplexidade.

ursos de malha ofegando através da costura dos nossos vestígios:
souvenirs fátuos no banquete da doação.
pólens de bruma.
ímãs da flacidez.

subo como a levitação da epilepsia por um orgasmo que afoga.
mastigando poentes & borboletas.
meus vasos sanguíneos diluem a pólvora dos degenerados.
enquanto assisto vislumbres turvos e me derramo, sob as vertigens de sua toga.


deixe que eu compartilhe suas asas. como quem não quer voltar. arrepios de veludo provando o imenso. trevos, caminhos, sentido. ordem de rupturas. alinhamento líquido das dilatações. vasos destruídos. medidas em órbita.

rasgo.

fundo.

coração."

david

2 comentário(s): Postar um comentário
  três contra três

11 de dez. de 2008, 03:26:00

olha você não é minha mãe, nem minha licença poética, que tal ficar na sua?

PS: adorei o texto.
PS2: só porque eu te amo não significa que vou parar de te ofender.

  Anônimo

16 de dez. de 2008, 17:33:00

Mto bom! Principalmente:"subo como a levitaçao da epilepsia por um orgasmo que afoga.//mastigando poentes e borboletas..."